segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Conselhos aos jovens e adolescentes


Conselhos aos jovens e adolescentes
(Proferida no ACAMPADENTRO da IB do Braga no período de Carnaval de 2011)
Tirado do Site da Mesma igreja

Introdução:
            Fui convocado pelo líder de Jovens e Adolescentes, Seminarista Filipe Melo, a proferir uma palestra aos participantes do ACAMPADENTRO. Assunto sugerido: “10 conselhos aos jovens e adolescentes”. Com a intenção de não ser maçante, preferi usar uma forma dinâmica para trabalharmos o assunto.
            E assim foi feito:

1º - Cada presente recebeu um papel em branco. Com o pano de fundo de ter recebido uma missão do céu, cada um deveria escrever um importante conselho que daria a um amigo.
2º - A seguir, com o mesmo pano de fundo, deveria escrever um importante conselho que daria a si mesmo.

Os papeis foram recolhidos e reservados para o final da palestra.
            Seguindo-se a palestra, apresentei, apenas lendo com curtos destaques, um resumo de dois sermões, como a seguir:

I - Conselhos Bíblicos para Jovens e Adolescentes:
1º - Selecione os amigos.
2º - Deixe claro seus objetivos.
3º - Priorize Deus e seu reino.
4º - Guarde a sua sexualidade.
Autor: Pr. Daniel Dutra
(Pastor Auxiliar da Igreja Presbiteriana Independente de Dourados - MS)

II - Conselhos aos jovens e adolescentes na idade e no espírito:
1º - Conquiste a sabedoria, temendo ao Senhor.
2º - Honre a vida de seus pais, obedecendo-lhes em tudo.
3º - Escolha bem suas companhias, elas podem te levar ao céu ou ao inferno.
4º - Honre ao Senhor com os recursos que Deus dá.
5º - Use as palavras de sua boca para edificação.
6º - Lembre-se de que sua colheita será de acordo com a sua semeadura.
Autor: Pr. Neemias Lima - Igreja Batista do Braga
(Sermão proferido em 08.08.10, na IB Braga, baseado no livro de Provérbios)

III - Conselhos dados pelos próprios jovens conforme dinâmica inicial:
            Uma orientação: você lerá em duplas para comparar entre os conselhos dados aos amigos e a si mesmo.

Destacando, informo: os autores dos conselhos não são identificados.

1º - Confie sempre em Deus, independente da situação.
2º - Controle sua ansiedade, trabalhe a sua fé.

1º - Nunca deixe se abalar pelos outros, ore, Deus vai te ajudar em qualquer situação.
2º - Siga em frente, não pare de sonhar, e muito menos de correr atrás deles, nada nem ninguém vai poder realizar para você.

1º - Seja santo. O que Deus quer de você?
2º - O seu dom é o maior presente de Deus. Aproveite-o.

1º - Larga tudo.
2º - Se desvincula.

1º - Volte para os caminhos do Senhor!
 - Use melhor o seu tempo.

1º - Coloque nas mãos de Deus, ore!
 - Ore por você e por aquele que você acha que também precisa.

1º - Não vá na onda dos outros.
2º - Não desconte os seus sentimentos ruins nos outros.

1º - Cuidado com o que pode te afastar de Deus.
2º - Não desanime, Deus ainda acredita e conta com você.

1º - Ás vezes é bom não ficar triste com tudo.
2º - Ser mais calmo, ser menos ignorante com as pessoas.

1º - Sai dessa vida.
2º - Preocupe-se mais com você.

1º - Não use drogas.
2º - Seja menos orgulhoso.

1º - Tenha fé.
2º - Tenha fé.

1º - Só “imite” as coisas boas das pessoas que estão ao seu redor.
2º - Esperar o momento de Deus, e Ele vai fazer o melhor na minha vida.

1º - Pense no que vai fazer.
2º - Ame mais a Deus e a Igreja.

1º - Fique firme.
2º - Confie mais em Deus.

1º - “Entrega seus caminhos ao Senhor, confia n’Ele e o mais Ele fará.
2º - Existe tempo para todas as coisas, tempo de chorar e tempo de sorrir, Deus está na frente de tudo, confia.

1º - Pense bem!
2º - Ainda não é hora.

1º - Deus tem uma pessoa melhor para a sua vida.
2º - Tudo tem seu tempo.

1º - Não deixe de acreditar em Deus.
2º - Deixar de acreditar em tudo que me falam, deixar de ser boba.
1º - Mesmo com os problemas da vida, sempre sorria!
2º - Do mesmo modo que escrevi no primeiro conselho, não apenas diga para as pessoas sorrirem, e, sim, viva o que diz.

1º - Busque a Deus e o que Ele lhe disser faça.
2º - Busque a Deus e o que Ele lhe disser faça.

1º - Para ter cuidados com ações e gestos dela.
2º - Nunca faça nada na dúvida.

1º - Cuidado com suas ações, pois toda a ação de hoje volta amanhã.
2º - Afaste-se das más companhias e escolha muito bem suas amizades, pois você pode se decepcionar.

1º - Ao invés de criticar seu próximo, converse com ele e ore por ele.
2º - Não se canse nem desanime porque tudo vale pela obra do Senhor.

1º - Seja forte, isso será para nós crescermos.
2º - Paciência.

1º - Viva na dependência de Deus.
2º - Busque mais intimidade com Deus.

1º - Peça perdão.
2º - Perdoe.

1º - Não use tóxico.
2º - Tenha mais paciência.

1º - Parar de beber.
2º - Ouça mais e fale menos.

1º - Curta a vida com sabedoria.
2º - Faça o que faria Jesus.

1º - Não faça se estiver na dúvida.
2º - Nada tem volta, pense muito bem antes de fazer qualquer coisa.

Conclusão:
            Esta conclusão contemplou duas partes:
1ª - Reconhecimento feito na hora: parabéns pelos conselhos. Estou surpreso com a maturidade e interesse na causa demonstrados. Conselhos muito bons.

2ª - Não seja objeto de manobra. Você tem o Espírito Santo guiando sua vida. Seja crítico, não criticador. Uma elite maldosa quer dirigir você e muitos estão iludidos com um mundo tecnológico, achando que estão abafando, mas não assumirão funções importantes porque não estudam.
            Computador não é do diabo, tudo é de Deus. Quem faz algo ser do diabo ou não somos nós. Não é pecado usar essas ferramentas, mas se utiliza para futilidades, será objeto de manobra das pessoas. Estude, estude muito.


Escrito por Pr. Neemias dos Santos Lima

Tirado do site da IGREJA BATISTA DO BRAGA (Brasil)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012


Uma palavra boa para as esposas

Refreamos os cavalos no último sermão sob o título de "Boa Esposa", e como há boa diversão sob esse título para o homem, se não para o bruto, nós nos deteremos nele por um intervalo para mergulhar a caneta em uma tinta superfina em que não há nenhuma amargura. João Lavrador deve estar em sua melhor forma para escrever sobre um assunto tão sério.
É impressionante quantos velhos ditados existem contra as esposas, há dezenas deles. Anos atrás, os homens mostravam o lado rude de suas línguas toda vez que falavam de suas esposas. Alguns desses ditados são até mesmo chocantes; como aquele muito maldoso que diz: "Todo homem passa dois dias bons com a esposa: o dia em que se casa com ela e o dia em que a enterra", e aquele outro: "Quem perde a esposa e um centavo sofre uma grande perda com o centavo".

Lembro-me de uma velha balada que Gaffer Brooks costumava cantar sobre o homem que estava melhor enforcado que casado, o que demonstra como era comum criticar a vida de casado. Nem seria bom imprimi-la, mas aqui está ela ou o que dela ficou mais vivo em minha lembrança:

Havia uma vítima em uma carroça, a um dia de ser enforcada,
A pena foi suspensa por um tempo, E a carroça foi parada.
Case e salve sua vida,
Gritou o juiz em voz alta; 
Oh, por que deveria eu corromper minha vida?
Respondeu a vítima.
Aqui há uma multidão heterogênea,
Por que iria eu evitar a diversão?
Pechinchar é difícil em todo lugar, e a esposa é o pior condutor de carroça.
 
Bem, essa bobagem não prova que as mulheres são más, mas que seus maridos não servem para nada ou não diriam calúnias tão abomináveis sobre as companheiras. O galho mais podre arrebenta antes, e ao que parece o lado masculino da casa é o pior dos dois, por isso, com certeza ele faz os piores ditados. Não há dúvida houve algumas esposas extremamente más no mundo que provocaram tanto o homem a ponto de ele dizer: "Se uma mulher fosse tão pequena quanto é boa, a casca de uma ervilha serviria de vestido e de capuz para ela". Mas quantos milhares de encontros providenciais valem mais que seu peso em ouro! Na Bíblia, há apenas uma mulher de Jó e uma Jezabel, mas uma quantidade sem-fim de Saras e Rebecas. Via de regra, penso como Salomão: "Quem encontra uma esposa encontra algo excelente", os vizinhos sempre sabem se houver um centavo mal gasto na mercearia, mas o relatório não fala sobre os milhares bem gastos. Uma boa mulher não faz barulho, e nenhum alarido é feito sobre ela, mas uma mulher rabugenta é conhecida em toda a igreja. Elas são as criaturas mais angelicais do mundo quando as recebemos como esposas em tudo e por tudo, e a maioria delas é boa demais para os maridos que tem.
A crédito das mulheres já é muito dizer que há alguns velhos ditados contra os maridos, apesar de, nesse caso, os direitos serem os mesmos para todos, e a égua ter as mesmas razões que o cavalo para dar coices. Mas eles devem ser muito indulgentes ou seria como dar um Roland (grande defensor dos cristãos contra os sarracenos na batalha de Roncesvalles, nas histórias sobre Carlos Magno) para cada Oliver (o amigo mais próximo de Roland). Meus caros, elas são muito mais rápidas na conversa, mas não faz parte da natureza das moças bonitas e dos sinos soarem com facilidade? Afinal, elas não podem ser tão más ou teriam se vingado das coisas cruéis que são ditas sobre elas. Se são um pouco arbitrárias, seus maridos não devem ser tão vítimas assim ou teriam certamente senso suficiente para segurar a língua delas. Os homens não temem que se saiba que são governados pelas esposas, e tenho certeza que os velhos ditados não passam de zombaria, pois se fossem verdadeiros, os homens jamais ousariam admiti-los.
A verdadeira esposa é a melhor parte de seu marido, seu encanto, sua flor de beleza, seu anjo guardião, o tesouro do seu coração. Ele diz a ela: "Com você eu serei muito feliz. Eu escolhi você e me regozijo com isso. Em você encontrei a alegria de espírito. A escolha de Deus é minha alegria". Em sua companhia ele encontra seu paraíso na terra; ela é a luz do lar, o conforto da sua alma e (para este mundo) o âmago do seu conforto. Por mais que tenha fortuna, ele só será rico enquanto ela viver. Sua costela é o melhor osso do seu corpo.
O homem que casa com uma mulher amorosa
Seja o que lhe acontecer na vida,
Suporta tudo;
Mas o que encontra uma companheira maldosa,
Nenhum bem pode entrar pelo seu portão e Sua taça estará cheia de fel.
 
Um bom marido faz uma boa esposa. Alguns homens não conseguem se realizar nem com esposas nem sem elas; eles são infelizes sozinhos naquilo que chamamos de celibato e, quando casam, seu lar é infeliz. Eles são como o cão do Tompkin que não acha o caminho de volta quando sai e uiva quando está preso. Bacharéis felizes são como maridos felizes, e um marido feliz é o mais feliz dos homens. Um casal bem entrosado carrega uma vida de felicidade, assim como dois espiões carregam os cachos de uva. Eles são um casal de pássaros do paraíso. Eles multiplicam suas alegrias ao compartilhá-las e diminuem suas dificuldades ao dividi-las; isso é excelência em matemática. O vagão do carinho desliza suave enquanto eles se atraem reciprocamente; e quando ele se arrasta de forma mais vagarosa ou aparece um obstáculo em algum ponto, eles se amam ainda mais e, assim, tornam o trabalho mais leve.

Quando um casal se separa há sempre erros dos dois lados, e geralmente na mesma proporção. Com freqüência, quando um lar é infeliz, o erro é tanto do marido como da esposa; a culpa é tanto de Darby como de Joan (Darby & Joan uma canção muito conhecida por volta de 1820). Se o marido não guarda o açucareiro no guarda-louça, não é de se admirar que a esposa fique azeda. A falta de pão traz falta de amor; se a carne for magra, os cachorros brigam. A pobreza do lar geralmente faz com que o homem carregue o lar nas costas, porque não é muito comum a mulher sair para trabalhar por salário. Um conhecido nosso deu a sua mulher um anel com a seguinte gravação: "Se você não trabalhar, não poderá comer". Ele era um bruto. Não é função dela trazer a farinha para casa, ela precisa usar bem a farinha e não desperdiçá-la. Por esse motivo, digo que as coisinhas simples não são erro dela. Não é ela quem sustenta a família, mas sim quem faz o pão. Ela ganha mais em casa do que qualquer salário que pudesse conseguir fora.
Não é a esposa que fuma e bebe o salário no "Urso Marrom" ou no "Beberrões Felizes". Às vezes, vemos uma mulher bêbada, e é uma visão horrível; mas em 99% dos casos, é o homem que fica embriagado e abusa das crianças – a mulher raramente faz isso. A labuta da esposa é abstêmia, quer ela goste, quer não, e também tem abundância de água quente e fria. As mulheres são pegas em erro porque sempre olham dentro dos copos, mas isso não é tão ruim como fazem os homens que afogam seus sentimentos no copo. As esposas não se sentam embriagadas na lareira do bar; elas, pobres criaturas, ficam em casa com frio, cuidando das crianças, olhando para o relógio (se houver um), querendo saber quando seus donos e senhores virão para casa e chorando enquanto esperam. Surpreende-me que não façam greve. Algumas delas ficam tão tristes como o besouro preso com um alfinete ou um rato na boca de um gato. Elas têm de cuidar da menina doente, e banhar o garoto sujo, e tolerar choro e barulho das crianças, enquanto seu dono coloca o chapéu, acende o cachimbo e sai para cuidar do próprio prazer ou chega na hora que quer criticando a pobre mulher por não ter preparado para ele um jantar excelente. Como poderia ele esperar ser alimentado como um galo de briga, quando trouxe para casa tão pouco dinheiro na noite de domingo e gastou tanto paparicando o Sr.João Grão de Cevada? Digo, e estou certo disso, há muitas casas onde não haveria esposas ralhando, se não houvesse um marido covarde e beberrão. Os companheiros não se importam em ser criticados por beber e bebem até ficar embriagados, depois, voltam em seus pangarés por não terem mais nada para gastar. Não me digam, eu sei e sustento isso –a mulher não pode evitar sentir-se vexada quando, com todos seus remendos e esforços, não consegue manter o lar porque seu marido não a ajuda na tarefa. Todos ficaríamos irritados se tivéssemos de fazer tijolo sem barro, manter a panela fervendo sem fogo e pagar o tocador de gaita com a bolsa vazia. O que ela pode conseguir do fogão quando não tem nem cereal nem farinha? Vocês, maus maridos, são autênticos covardes e deveriam ser pendurados pelos calcanhares até aprenderem alguma coisa.

Dizem que um homem de palha vale mais que uma mulher de ouro, mas não consigo engolir isso, um homem de palha não vale mais que uma mulher de palha. Deixemos que os velhos ditados fiquem como querem, via de regra, o Jack não é melhor que a Jill. Quando há sabedoria no marido, normalmente há gentileza na esposa; e o antigo desejo das bodas funcionou para eles: "Um ano de alegria, outro de conforto e todo o resto de contentamento". Onde houver concordância de corações, aí está a alegria. Apenas a morte separa corações unidos. Dizem que o casamento nem sempre é um período feliz, mas é com muita freqüência um período de frustração; bem, se for assim, o paletó e o colete têm tanto a ver com ele quanto o vestido e a combinação. A lua de mel não precisa terminar; e se termina, quase sempre o erro é do marido por comer todo o mel e não deixar nada a não ser a luz da lua. O viver é substancioso quando ambos concordam que venha o que vier da lua manterão sua cota de mel.

Quando um homem vive com a cara arranhada, ou sua esposa não se casou com um homem, ou ele não se casou com uma mulher. Se um homem não pode tomar conta de si mesmo, seu juízo é tão escasso como o pêlo de um cachorro azul. Não tenho pena da maior parte dos homens mártires; guardo minha piedade para as mulheres. Quando Dunmow perde o porco cevado, nenhum dos dois come bacon; mas provavelmente é a mulher quem mais fará abstinência na falta dele.

Cada arenque precisa ser pescado pela própria guelra, e cada pessoa precisa levar em conta sua parte nas brigas no lar; mas João Lavrador não pode tolerar ver toda a responsabilidade posta apenas sobre as mulheres. Quando se quebra um prato, foi o gato quem fez, e quando acontecem injúrias, há sempre uma mulher no centro da questão: eis duas mentiras tão bonitas como as que vocês ajuntam durante o mês. Há uma "causa" para cada "efeito", mas a causa para a falta de suprimento da família nem sempre está com a dona da casa. Sei que algumas mulheres têm línguas compridas, e os maridos, por compaixão, deviam deixá-las continuar assim. E por falar nisso, basta olhar dentro de um bar, quando os queixos dos homens estão bem estimulados pelo licor, se alguma mulher no mundo conseguir falar mais rápido ou ser mais estúpida do que eles, meu nome não é João Lavrador.
Quando eu já estava nesse ponto, nosso ministro me disse: "João, você conseguiu um assunto difícil, um tendão de Aquiles para você; vou lhe mandar um livro raro para ajudá-lo com o estilo". "Bem, senhor", disse eu, "uma pequena ajuda vale muito na busca de erros, e ficarei muitíssimo agradecido ao senhor".

Ele me enviou o Wedding Ring [Anel de casamento], de William Secker, um camarada realmente sábio. Não pude fazer nada além de selecionar alguns de seus tópicos fundamentais; eles são cheios de sabor e, por isso, devem ser memorizados. Ele diz: "Você tem um coração suave? Deus quebrantou-o. Tem uma esposa doce? Ela é obra de Deus. Os hebreus afirmam: ‘Quem não tem uma mulher não é homem'. Mesmo que possa ser bom um homem sozinho, não deveria ser bom que o homem fosse sozinho. Toda a dádiva boa e todo presente perfeito vem de cima". Uma esposa mesmo não sendo um presente perfeito, é um bom presente, uma lança arremessada do Sol da misericórdia. Como seriam felizes os casamentos se Cristo estivesse nas bodas! Não deixe ninguém, a não ser os que encontraram a graça nos olhos do Senhor encontrar a graça nos seus. Os maridos devem espalhar o manto da caridade sobre as fraquezas de suas esposas. Não destrua a vela por causa do pavio. Os maridos e as esposas devem se estimular para amar um ao outro e devem se amar ao resistir às provocações. A árvore do amor deve crescer no seio da família, como a árvore da vida cresceu no jardim do Éden. Devotos dedicados são uma benção; crianças gentis uma benção ainda maior; mas uma boa esposa é a maior das bênçãos; e isso faz com que o que deseja uma esposa a procure; deixem que o que a perdeu suspire por ela; deixem que o que desfruta da alegria de ter uma se deleite com ela.

Como dizem, para rebaixar-se da carne assada do velho puritano ao meu pote de ervas ou para pôr o Joãozinho depois dos cavalheiros, lhes contarei minha experiência. Minha experiência com minha primeira esposa, que eu espero que viva para ser a última, foi assim: o matrimônio veio do paraíso e levou a ele. Eu nunca senti nem metade da felicidade que sinto hoje antes de ser um homem casado. Quando você se casa, sua felicidade começa. Não tenho dúvida de que onde há muito amor, há muito para se amar; e onde o amor é limitado, os erros proliferam. Se houver apenas uma boa esposa na Inglaterra, eu sou o homem que pôs o anel em seu dedo, e que ela o possa usar por muito tempo. Deus abençoe essa alma querida, que ela permaneça ao meu lado, pois eu nunca a afastarei.

Se eu não fosse casado e encontrasse uma companheira adequada, casaria amanhã de manhã, antes do café da manhã. O que vocês acham disso? Alguém diz: "Penso que João Lavrador casaria de novo se ficasse viúvo". Bem, e se ele ficasse viúvo de que forma ele poderia mostrar melhor que foi feliz com sua primeira esposa? Eu declaro que não alegarei, como fazem alguns, que me caso para ter alguém para cuidar das crianças; eu me casaria para ter alguém para cuidar de mim; João Lavrador é um homem com muitas atividades e não poderia cuidar de uma casa sozinho. O homem que casa pela quarta esposa manda gravar na aliança —
Se eu sobreviver,
eu chegarei à quinta.
Que velho Barba-Azul! Os casamentos são feitos no céu, o matrimônio em si é bom, mas há tolos que transformam carne em veneno e benção em maldição. Pedley disse: "Essa corda é boa, vou enforcar-me com ela". Um homem que procurou sua esposa em Deus e casou-se com ela pelo seu caráter, não apenas por sua aparência, fez uma escolha que será abençoada. Os que unem seu amor em Deus, que oram por amar e amam orar, descobrem que o amor e a alegria nunca cansam.
O que respeita a esposa descobre que ela o respeita. Ele é avaliado pelo mesmo parâmetro que avalia, boa medida imposta e válida. O marido que consulta a esposa tem um bom conselheiro. Ouvi nosso ministro dizer: "A intuição feminina é quase sempre mais correta que a razão masculina"; elas se atiram de imediato em uma coisa e ficam sábias de repente. Diga o que disser do conselho de sua esposa é bem provável que você se arrependa se não o escutar. Quem fala mal das mulheres deve se lembrar do peito que o alimentou e se envergonhar de si mesmo Quem trata mal a esposa deve ser chicoteado na parte de trás da carroça, e vocês nem imaginam como eu gostaria de dar uma coça nessa pessoa! Eu apenas espantaria uma ou duas moscas, confiem em mim em relação a isso. Assim não há mais nada para o momento, como disse o telheiro quando clareou cada prato da mesa.



Esperança

Ovos são ovos, mas alguns apodrecem; da mesma forma esperanças são esperanças, mas muitas delas transformam-se em desilusões. As esperanças são como as mulheres, há um toque de anjo nelas, mas há duas espécies delas. Meu garoto Tom furou um monte de ovos de passarinho, enfiando-os em um fio; eu tenho feito a mesma coisa com as esperanças, eis algumas delas – boas, más e indiferentes.
A esperança do homem otimista aparece inesperadamente, como uma caixa de surpresas; ela funciona como um verão e não é guiada pela razão. Em qualquer momento que olha pela janela, ele vê tempos melhores chegando; apesar de quase tudo estar em seu modo de ver, e em nenhum outro lugar, ver pudim de farinha com passas na lua é um hábito bem mais feliz que resmungar de tudo como um sapo de duas pernas. Esse é o tipo de amigo para se ter por perto em uma noite negra como piche e em que chove muito, pois ele leva velas nos olhos e uma lareira no coração. Tome cuidado para não ser desencaminhado por ele e, assim, você pode manter sua companhia com segurança. O erro dele é contar com os ovos antes de ter a galinha e vender seus arenques antes que estejam na rede. Todos seus ovos de pardais estão reservados a se transformarem, pelo menos, em tordos, talvez em perdizes ou faisões. O verão chegou em sua plenitude, porque ele viu uma andorinha. Ele está certo de ficar rico com sua nova loja, pois cinco minutos antes de abrir a porta, dois vizinhos se aproximaram, um deles querendo um pão fiado, e o outro, trocar dinheiro. Ele está certo de que o fazendeiro está disposto a lhe dar suas encomendas, pois ele o viu lendo o nome da loja acima da porta enquanto passava em frente. Ele não acredita em erros entre xícaras e lábios, mas deduz certezas do talvez. Bem, é uma alma boa apesar de, às vezes, ser um pouco estúpido, há muito nele para ser louvado e gosto de pensar em um de seus curiosos ditos: "Nunca fale em morrer até estar morto porque aí não adianta mais, portanto deixe isso para lá." Como você vê, há outras pessoas curiosas no mundo, além do João Lavrador.
Meu vizinho desajeitado está esperando que sua tia morra, mas a velha senhora tem tantas vidas como nove gatos. Minha opinião é que quando ela morrer, deixará o pouco de dinheiro que tem para um hospital de gatos ou para cães abandonados, em vez de deixá-lo para seu sobrinho Joãozinho. Pobre criatura, ele está terrivelmente desesperado e desconta tudo no temperamento irritante da pobre senhora. Contudo, ele espera e fica cada vez pior, pois enquanto a grama cresce, o cavalo morre de fome. Quem espera a morte de alguém é como se segurasse uma corda longa, quem corre atrás de heranças precisa ter sapatos de ferro. Quem espera os sapatos dos que morrem pode ficar por muito tempo descalço; quem espera pela vaca do tio, não pode se apressar para passar manteiga no pão. Quem vive de esperança tem uma dieta magra. Se o Joãozinho desajeitado não tivesse uma tia, ele teria arregaçado as mangas da camisa e trabalhado para si mesmo; mas disseram-lhe que nasceu em berço de ouro, e isso transformou-o em um inútil.
Se alguém quiser deixar uma herança para o João Lavrador, ele ficará muito agradecido, mas seria melhor que não contar a ele sobre isso, pois tem medo de deixar de arar um sulco tão bem feito; seria duas vezes melhor receber uma herança de surpresa. Na verdade, seria melhor deixar a herança para o Colégio do Pastor ou para o Orfanato Stockwell, pois nos dois casos seria muito bem usada. Agora, precisamos voltar ao nosso tema.

Eu gostaria que as pessoas pensassem menos na sorte inesperada e plantassem mais macieiras. Esperanças que crescem do lado de fora das sepulturas são erros graves; e quando elas enfraquecem a energia do homem, são como a corda da forca balançando em volta do pescoço dele.

Algumas pessoas nasceram no primeiro de abril e estão sempre esperando sem sentido ou razão. Seu barco chegará logo; elas encontrarão um pote de ouro ou ouvirão alguma coisa que lhes traga vantagem. Pobres tolos, eles têm cabeça de vento e sonham acordados. Eles mantêm a boca aberta um bom tempo antes que o ovo frito e o presunto cheguem até ela, e são realmente capazes de acreditar que, um dia, algum golpe de sorte ou algumas maçãs de ouro derrubadas pelo vento os tornarão independentes e os transformarão em cavalheiros. Eles esperam dirigir carruagens, e logo, logo estarão fechados em um lugar em que as carruagens não cabem. Você pode assobiar por um bom tempo antes que os pintassilgos saltem em seu polegar. De vez em quando, um homem em um milhão tropeça na fortuna, mas milhares se arruínam com expectativas inúteis. Espere obter metade do que você ganha, um quarto do que deve e nada do que emprestou, e você estará próximo da meta, mas esperar que uma fortuna caia da lua é ser muito tolo. Um homem deve esperar pelas promessas de bem do Antigo Testamento dentro dos limites da razão. A esperança repousa em uma âncora, mas a âncora deve ter algo em que se segurar e algo para segurar. Uma esperança sem motivo é um barco sem fundo, um cavalo sem cabeça, um ganso sem corpo, um sapato sem sola, uma faca sem lâmina. Quem a não ser o Simão Simplório começaria a construir uma casa pelo telhado? Precisa haver um alicerce. Esperança é esperança, mas é uma loucura total esperar por coisas impossíveis, ou esperar a colheita sem semear, ou pela felicidade sem fazer o bem. Essas esperanças não levam a nada; elas são como a lanterna feita na abóbora e levam o homem para o fosso. No asilo há um homem, o pobre Will, que sempre diz que possui uma grande fazenda, só que o proprietário legal o mantêm fora dela; seu nome é Jenyns ou Jennings, e conforme diz ele, alguém com esse nome deixou dinheiro suficiente para comprar o Banco da Inglaterra, e, um dia, Will vai ter sua parte nesse dinheiro. Contudo, nesse meio tempo, o pobre Will descobre que apenas a sopa da igreja é muito pouco para o estômago de um senhor tão importante, ele me prometeu mil ou dois mil do dinheiro excedente quando conseguisse sua fortuna, construirei um castelo no ar com isso e cavalgarei em um cabo de vassoura para chegar nele. Pobre infeliz, como muitos outros, ele tem moinhos de vento na cabeça, mas, se tiver de dar qualquer coisa, é bastante parcimonioso. Fiando-se nisso, semear no ar não é apenas muito lucrativo como é fácil, aquele espera obter mais do que consegue com o próprio ganho tem a ilusão de encontrar abricós em uma árvore de maçãs azedas. Quem casa com uma garota que se veste de modo relaxado e espera fazer dela uma boa esposa poderia, da mesma forma, comprar um ganso e esperar que ele se transformasse em uma vaca leiteira. O que leva seus filhos para o bar e confia que eles crescerão sóbrios, põe sua cafeteira no fogo e espera vê-la brilhar como estanho novo. Os homens não podem estar em seu juízo quando fazem cerveja com malte ruim e esperam ter cerveja de boa qualidade ou dão um mau exemplo e esperam criar uma família respeitável. Você pode esperar e esperar até seu coração ficar doente, mas, quando você mandar seu filho subir na chaminé, ele desce sujo apesar da sua esperança. Ensine uma criança a mentir e espere que ela cresça honesta; seria melhor pôr uma vespa em um barril de piche e esperar que ela fizesse mel para você. Quando será que as pessoas vão agir com sensatez com seus filhos? Nunca, se elas mesmas não forem sensatas.
Quanto ao próximo mundo, é uma grande pena que os homens não tenham um pouco mais de cuidado quando falam dele. Se um homem morrer bêbado, alguém dirá: "Espero que ele tenha ido para o céu". Tudo bem em desejar isso, mas esperar é uma outra coisa. Os homens viram o rosto para o inferno e esperam chegar ao céu, eles caminham dentro do lago e esperam ficar secos? Esperanças do paraíso são coisas solenes e deveriam ser experimentadas pela palavra de Deus. Um homem poderia da mesma forma esperar, conforme diz nosso Senhor, colher uvas de espinhos ou figos de cardos, assim como procurar por um futuro feliz no final de uma vida ruim. Só existe uma rocha sobre a qual se constroem as esperanças boas, e ela não é Pedro, como diz o papa; nem os sacramentos, como dizem os filhotes da besta da velha Roma; mas os méritos do Senhor Jesus. Toda esperança do homem está no "homem Jesus Cristo". Nós somos salvos se cremos nele , pois está escrito "que aquele que crê tem a vida eterna". Ele tem vida eterna agora, e ela é para toda a eternidade, de modo que não se deve temer perdê-la. Nisso se apóia João Lavrador, e ele não tem medo de ser confundido, pois isso é um sustentáculo e dá-lhe esperança segura e imutável que nem a vida nem a morte podem abalar. Portanto, por favor, lembrem-se de que a presunção é uma escada que quebra o pescoço de quem a sobe, se você ama sua alma não tente fazer isso. 


Gastar

Ganhar dinheiro é fácil se comparado com o gastá-lo bem; qualquer um pode desenterrar batatas, mas entre dez mulheres não há uma que saiba cozinhá-las. Os homens não ficam ricos pelo que conseguem, mas pelo que economizam. Muitos homens que têm dinheiro têm tanto juízo, como os porcos têm de lã; eles estão na idade da prudência, pois já passaram dos quarenta anos e brincam com centenas de reais, como os garotos brincam com pedras. O que seus pais conseguiram com o ancinho, eles jogam fora com a pá. Depois do avarento vem o esbanjador. Freqüentemente, alguns homens contam como seus pais eram pródigos, mas não eram amigos de ninguém a não ser de si mesmos, e agora os filhos não são inimigos de ninguém, a não ser de si mesmos; o fato é que os velhos foram para o inferno pela estrada da escassez, e seus filhos decidiram chegar lá pela da abundância. Logo que o esbanjador adquire sua propriedade, ela desaparece como um pedaço de manteiga na boca de um galgo. Para ele todos os dias são primeiro de abril; ele é capaz de comprar um elefante por uma pechincha ou de pôr telhado de panquecas em sua casa, nenhuma tolice é suficiente para alegrar sua fantasia; o dinheiro queima em seu bolso, e ele precisa desperdiçá-lo alardeando o tempo todo seu lema: "Gaste, e Deus manda mais". Ele não sossega se não tosquiar sua ovelha antes das outras; ele antecipa a receita e saca o capital e, assim, mata a galinha dos ovos de ouro e depois se queixa: "Quem pensaria que isso podia acontecer?" Não poupa na borda, mas quer economizar no fundo. Ele empresta com juros altos do Roube Todos, Engane Todos e Venda Todos e quando consegue se limpar, em tempos difíceis, põe todos eles e outros mais nas mãos dos advogados. Os tempos nunca foram bons para esbanjadores preguiçosos; e se fossem bons para eles, seriam maus para todo mundo. É um mistério porque os homens têm tanta pressa em se transformarem em mendigos; mas hoje tudo que se refere às corridas de cavalos, à preguiça e à especulação parece uma carruagem de quatro cavalos correndo todo dia para a Aldeia da Necessidade. Dinheiro vivo deve ser uma verdadeira curiosidade para homens que gastam como nobres. Eles são cavalheiros sem recursos, o que é quase o mesmo que pudim de ameixas sem ameixas.
Gastar seu dinheiro com muitos convidados

Esvazia a despensa, o celeiro e o cofre.
Se um jogo inofensivo for feito aliado a uma vida desregrada, o dinheiro se derrete  como uma bola de neve em um forno. Um jovem jogador, com certeza será um mendigo  velho, se viver o suficiente para isso.
O diabo leva pelo nariz, Quem joga os dados com freqüência.
 
Há outros burros além dos que têm quatro pernas. Sinto dizer que os encontramos tanto entre os trabalhadores como entre os cavalheiros. Camaradas que não têm nenhuma propriedade além de seu trabalho, nem braços de família a não ser os com que trabalham, gastam seus parcos e suados salários no bar ou em bobagens. Mal recebem o salário e lá se vão eles para o "O Cão Pintado" ou para o "Marquês de Granby" levar a contribuição dos tolos para ajudar a manter a cara vermelha e a pança redonda dos donos das terras. Beber água não deixa doente, nem com dívida, nem faz de sua esposa uma viúva, porém é raro os homens darem valor ao sabor dela, no entanto a cerveja que muitos trabalhadores engolem com voracidade não é nada além de ruína escura. Cabeças duras, estúpidas e sonolentas sentam-se no banco da taverna e lava o pouco juízo que têm. No entanto, acredito que as pessoas do campo gerenciam seu dinheiro bem melhor que os londrinos, pois apesar de terem pouco dinheiro, suas famílias parecem simpáticas e asseadas aos domingos. É verdade que a renda não é tão ruim em uma aldeia como é na cidade, além de no campo haver bastante verde, entretanto esses londrinos ganham um bocado de dinheiro e têm muitas oportunidades de comprar em um mercado barato, os homens do campo não têm essa facilidade. No conjunto, creio que a administração do povo do campo que consegue manter a família com alguns trocados por semana é boa, e quem não pode fazer isso com quase o dobro em Londres é mau administrador. Por que algumas famílias são tão felizes, como os ratos no malte, com salários tão baixos, e outras são tão infelizes, como ratos em uma armadilha, com o dobro da quantia? Quem calça o sapato sabe bem onde ele aperta, mas a economia é uma coisa admirável e faz com que centavos valham mais que reais. Alguns tiram leite de pedra. E outros não conseguem se alimentar com o caldo da carne da vaca. Alguns têm tanta habilidade para comprar quanto Sansão tinha em ambos os ombros, mas não mais que isso. Eles não compram bem, não têm bom senso para utilizar seu dinheiro com proveito. Os compradores deveriam ter centenas de olhos, mas esses não têm nem metade de um, e não o abrem. Já se falou bastante que se os tolos não fossem ao mercado, não se venderia produtos ruins. Eles nunca dão ao seu dinheiro o valor certo porque freqüentemente estão à caça dos produtos mais baratos, mas esquecem-se que, em geral, o mais barato sai mais caro, ninguém pode comprar um artigo ruim com dinheiro bom. Quando oferecem cinco ovos por uma moeda, quatro estão quebrados. Pobres homens, sempre compram pequenas quantidades e pagam caro, pois o homem que compra pelo valor da moeda mantém sua casa e também a de outro. Por que não pegar o necessário para duas ou três semanas de uma vez só e, assim, conseguir mais barato? Armazenar não é doloroso. As pessoas economizam errado e estragam o navio pela metade do valor do piche do revestimento. Outros fazem pequenas economias e esquecem as coisas maiores; eles economizam em ninharias e esbanjam em outras coisas; poupam na torneira e deixam tudo fugir pelo buraco do ralo. Alguns compram coisas que não precisam porque estão uma pechincha; deixe-me dizer-lhes, o que vocês compram sem necessidade sempre é caro. Roupas finas fazem um grande rombo nos recursos das pessoas pobres. Mas será que aquilo que João Lavrador e outros buscam, enquanto trabalham duro pelo pão de cada dia, tem alguma coisa que ver com sedas e cetins? É o mesmo que um ferreiro vestir um avental branco de seda. Odeio ver uma empregada doméstica ou a filha de um operário enfeitada de um jeito que as pessoas poderiam confundi-la com uma dama. Porque todo mundo distingue girino de peixe; e ninguém confunde papoula com rosa. Vejam uma mulher com um vestido bonito e bem apresentado, limpo e confortável no que se refere à beleza ela fará as jovens sapecas e fulgurantes em pedaços. Se uma garota tem apenas algumas moedas para gastar, compre um bom pedaço de flanela para o inverno, antes de ser tentada pela aparência brilhante das coisas refinadas. Compre sempre o que servir para você vestir, não compre para as outras pessoas olharem, deixe que fechem os olhos. As mulheres são boas para alguma coisa ou não servem para nada, e sua roupa geralmente mostra isso.

Suponho que todos nós achamos que o dinheiro desaparece muito rápido, mas afinal ele foi feito para circular e não há utilidade em armazená-lo. É péssimo ver nosso dinheiro se transformar em um empregado que nos abandona, mas seria pior tê-lo parado conosco e se tornar nosso dono. Como diz nosso pastor, devemos tentar "encontrar o meio termo" e não ser esbanjador nem mesquinho. Quem tem a melhor esposa tem seu dinheiro gasto da melhor forma. O marido pode ganhar dinheiro, mas somente a esposa pode economizá-lo. "A mulher sábia edifica a sua casa, mas com as próprias mãos a insensata derruba a sua". De acordo com Salomão, a esposa é a construtora ou a verdadeira demolidora. Um homem não prospera até que a esposa lhe dê licença para isso. Uma dona de casa econômica é melhor que uma grande soma de dinheiro. Uma boa esposa e saúde são as melhores riquezas. Que o coração de vocês seja abençoado, o que faríamos sem elas? Dizem que elas gostam de fazer do seu jeito, mas o provérbio diz: "Uma esposa deve fazer sua vontade durante a vida, porque não poderá realizá-la depois de morta". O clima está tão quente que não conseguirei manter esta conversação por muito tempo, portanto vou encerrar com uma citação antiga:
O céu abençoe as esposas, pois preenchem nossas colméias
com pequenas abelhas e mel!
Confortam-nos nos golpes da vida, remendam nossas meias, Mas não gastam nosso dinheiro.
 SPURGEON 


Homens em adversidade

A sorte de um homem não é totalmente conhecida até ele estar morto: a mudança de sorte é a sina da vida. O que hoje dirige uma carruagem, um dia, pode ter de limpá-la. Até os troncos que boiam na água mudam de lugar, e quem agora está por cima poderá ter de aceitar sua vez de ficar no buraco. Em poucos anos, nós poderemos estar todos carecas e pobres também, e quem sabe o que poderá vir para nós antes disso? O pensamento de que nós mesmos, um dia, estaremos embaixo da janela, deveria nos tornar cuidadosos quando jogamos água suja pela janela. Seremos medidos com a mesma medida que medimos, portanto prestemos atenção ao nosso comportamento com os infelizes.
Nada me deixa mais doente com a natureza humana que a forma como alguns homens tratam os outros, quando estes caem da escada da fortuna. Eles gritam: "Abaixo com ele, nunca foi bom para nada".

Para baixo, entre os homens mortos,
Para baixo, para baixo, para baixo,
Para baixo, entre os homens mortos
Deixem que ele fique ali.
 
Cães não comem cães, mas os homens se devoram como canibais e ainda se gabam disso. Há milhares de pessoas neste mundo que voam como abutres para se alimentar de um negociante ou comerciante tão logo ele tem dificuldades. Onde houver carcaças, haverá águias reunidas. Em vez de uma pequena ajuda, elas dão ao homem caído muita crueldade e gritaria. Bem feito para ele, todo mundo açoita o homem a quem a fortuna golpeia. Se a providência o golpeia, os chicotes de todos os homens se levantam para golpeá-lo. O cão está se afogando, por isso, todos seus amigos esvaziam os baldes de água sobre ele. A árvore caiu, e todo mundo corre com seu machadinho. A casa pega fogo, e todos os vizinhos se aquecem com o calor. O homem tem aparência de doente, e seus amigos lhe dão um tratamento doentio; ele capota na estrada, e os outros passam com o carro por cima dele; ele cai e o egoísmo grita: "Deixe que fique caído, assim sobra mais espaço para quem está de pé".
Como é triste, quando os que o derrubam, ficam chutando-o por nada. Não é muito agradável ouvir que você foi um grande tolo, pois havia, pelo menos, cinqüenta formas de se manter fora de dificuldade e só você não conseguiu ver. Você não podia perder o jogo, até mesmo um João Bobo consegue ver onde você errou: "Ele deveria ter fechado as portas do estábulo!" –, todo mundo enxergou isso, mas ninguém se ofereceu para comprar um cavalo novo para o perdedor. "Que pena, ele conseguiu ir tão longe na neve!" –, é verdade, mas isso não salvou o pobre camarada do afogamento. É muito fácil dizer que há buracos em um casaco gasto, e mais fácil ainda, é fazer um buraco nele. Um bom conselho é um alimento pobre para uma família faminta.
Um homem de palavras, e não de ações –  É como um jardim cheio de ervas daninhas.
 
Quando eu chegar em casa, empreste-me um pedaço de barbante para amarrar os tirantes e consertar defeitos em meu velho arreio. Ajude meu velho cavalo com um pouco de aveia, e depois peça-lhe para apressar o passo. Sinta por mim, e eu me sentirei muito agradecido a você, mas esteja atento para sentir em seu bolso ou seu sentimento não vale uma bagatela.

Muitos homens que descem a montanha encontram-se com Judas antes de chegar ao fim dela. Em geral, os que eles ajudaram em seus tempos bons esquecem a dívida ou a pagam com indelicadeza. O broto novo foge com a seiva da velha árvore. A cria suga sua mãe e, depois, a chuta. O velho ditado diz: "Eu te ensinei a nadar, agora você pode me afogar", e muitas vezes isso acontece. O cão abana a cauda até conseguir o osso, depois, ele morde a mão que o alimentou. O pão que se comeu é esquecido, e a mão que o deu é desprezada. A vela ilumina os outros e apaga. A maioria das pessoas esquece com facilidade uma reviravolta boa. A lei dourada do mundo é a do cada um por si mesmo, e todos sabemos quem fica com a última parte. A raposa toma conta da própria pele e não pensa em perder a cauda por gratidão a um amigo.
Um espírito nobre sempre fica do lado dos fracos, mas os espíritos nobres não cavalgam com freqüência ao longo de nossas estradas. Eles são raros como as águias, você pega grande quantidade de pombas, falcões e aves de rapina, mas a raça mais nobre você não vê nem uma vez sequer durante a vida. Você já ouviu os corvos lerem o preâmbulo fúnebre em cima de uma ovelha morta antes de devorá-la? Bem, isso é muito parecido com os vizinhos pranteando: "Que pena! Como aconteceu? Ó querido! Ó querido!", em seguida, apressam-se no trabalho de garantir sua parte no despojo. A maior parte das pessoas ajuda quem não precisa; cada viajante atira uma pedra onde já existe uma pilha delas; todos os cozinheiros regam com molho ou gordura o porco gordo, mas deixam queimar a carne magra.

Em tempos de prosperidade os amigos são abundantes: Em tempos de adversidade não há um entre vinte.
 
Quando o vento está a favor, tudo ajuda. Enquanto a panela ferve, a amizade floresce. Mas os aduladores não visitam cabanas, e nenhum noivo conhece a rosa murcha. Todos os vizinhos são primos do homem rico, mas o irmão do homem pobre não o conhece. Quando temos uma ovelha e um cordeiro, todos gritam: "Seja bem-vindo, Pedro!". Se o fazendeiro der um suspiro é ouvido à distância de quase um quilômetro, mas ninguém ouve a viúva Needy do outro lado das grades do parque, deixem que ela chame enquanto puder. Há homens dispostos a despejar água em uma banheira cheia de água e a dar festas para os que não estão com fome, porque querem receber o mesmo, ou até mais, em retorno. Coma um ganso e consiga um ganso. Tenha um cavalo seu e, depois, você também pode pedir um emprestado. É seguro emprestar cevada quando o celeiro está cheio de trigo, mas quem empresta ou dá para quem não tem nada? Quem, a não ser uma alma velha e antiquada que realmente acredita em sua Bíblia e ama o seu Deus e, por isso, dá sem esperar nada de volta?

Observo que certas pessoas da nobreza pretendem ser grandes amigos do homem que passa por dificuldades porque ainda há alguns restos a serem retirados de seus ossos. O advogado e o homem que empresta dinheiro cobrem o pobre infeliz com suas asas e, depois, mordem-no com suas contas até que não reste nada. Quando essas pessoas são muito polidas e têm muita consideração, os infelizes têm de se acautelar. Não foi um bom sinal quando a raposa entrou no galinheiro e disse: "Bom dia para todas vocês, minhas amigas muito queridas".
No entanto, os homens em adversidades não devem se desesperar, pois Deus está vivo e é amigo dos que não têm amigos. Se não houver mais ninguém para dar uma mão para quem está em necessidade, a mão do Senhor não deixará de trazer libertação para os que confiam nele. Um homem bom pode ser colocado no fogo, mas não pode ser queimado. Sua esperança pode ficar encharcada, mas não se afoga. Ele recobra a coragem, faz de seu coração valente uma muralha de pedra e sai do solo áspero em que outros ficam caídos e morrem. Enquanto há vida, há esperança. Por isso, meu amigo, se você passa por adversidades, João Lavrador convida-o a não ficar no fosso, mas a levantar-se e tentar de novo. Jonas chegou ao fundo do mar, mas voltou á praia, e muito melhor depois de sua jornada aquática.

Apesar do pássaro estar no ninho,
Ele logo vai embora;
Apesar de eu estar no pó,
Confio muito no meu Deus,
Espero nele,
E entrego tudo a sua vontade;
Com certeza, ele virá,
E banirá meu medo.
 
Jamais esqueça que o homem que passa por adversidades tem uma grande oportunidade de confiar em Deus. A fé falsa flutua apenas em água plácida; mas a fé verdadeira fé, como o barco salva-vidas, está em casa na tempestade. Se nossa religião não nos desnuda em tempos de provação, qual é sua utilidade? Não acreditamos de fato em Deus se não conseguimos acreditar nele quando as circunstâncias aprecem adversas. Confiamos em um ladrão contato que possamos vê-lo, será que ousamos tratar a Deus da mesma forma? Não, não. O Senhor é bom. E ele ainda aparece para seus servos, e nós devemos louvar seu nome.

Para baixo, entre os homens mortos!
Não, senhor, eu não.
Para baixo, entre os homens mortos!
Eu não me deitarei.
Para cima, entre os esperançosos,
Eu irei,
Para cima, entre os alegres,
cante para sempre.
 


 SPURGEON